O Futuro do Tribunal: como a tecnologia permitiria descentralizar a unificação da jurisprudência

In Democracia presente para gerações futuras (working title). Lisbon: Humus (forthcoming)
  Copy   BIBTEX

Abstract

O Judiciário moderno constitui um sistema hierarquizado e centralizado, em que cortes superiores, com um número pequeno de membros, têm a função de “dar a última palavra” para resolver desacordos doutrinários entre instâncias inferiores – e inclusive rever decisões das demais autoridades. Essa estrutura hierárquica implica uma fonte peculiar de instabilidade: o tribunal superior se torna como que um “ponto único de falha” suscetível à captura, à pressão indevida, à sobrecarga, e até a súbitas mudanças doutrinárias – pondo em risco seu alegado papel de estabilizador do regime democrático. Isso é salientado quando tais cortes sofrem pressão, ou quando há reviravoltas decorrentes de uma maioria frágil no tribunal – a exemplo do debate sobre a prisão em segunda instância no Brasil. Analiso como o desenvolvimento tecnologias de informação e comunicação (TICs) poderia mitigar este problema por meio de um sistema que agregue decisões judiciais de instâncias inferiores a fim de resolver conflitos de jurisprudência numa determinada jurisdição; isso equivaleria a um sistema de votação que substituiria a atuação da corte de última instância na unificação de jurisprudência – como se a última instância fosse, na realidade, composta pelo judiciário como um todo. Isso alteraria a estrutura de decisão hierarquizada do judiciário, no que diz respeito a divergências entre magistrados, aumentando a descentralização do sistema – associada ao ideal da tradição de common law. Embora original, a proposta é modesta, e poderia ser atingida por meio de mudanças incrementais, sem ruptura institucional, a partir de práticas e tecnologias já existentes – e uso como exemplo ferramentas de legal analytics e o sistema de “repercussão geral de recursos extraordinários” do Brasil, no qual se utiliza processamento de linguagem natural para filtrar e classificar processos de acordo com o tema. Ao final, discutem-se possíveis vantagens e desvantagens dessa proposta, como características epistêmicas da descentralização e o risco de “rigidez” na evolução da doutrina jurídica – em especial no que se refere aos longos mandatos de membros de tribunais superiores. Concluímos que a descentralização da unificação da jurisprudência pode contribuir para mitigar o risco de, com o desenvolvimento da tecnologia, maior concentração de poder.

Links

PhilArchive

External links

  • This entry has no external links. Add one.
Setup an account with your affiliations in order to access resources via your University's proxy server

Through your library

Similar books and articles

Ética, tecnología y desafíos de futuro.José Vicente Villalobos-Antúnez, José Francisco Guerrero-Lobo, Belisario Prats-Palma & Francisco Rojas-Torrejón - 2022 - Human Review. International Humanities Review / Revista Internacional de Humanidades 11 (5):1-15.
En búsqueda de los límites constitucionales a la integración europea.Joaquin Sarrión - 2011 - Ceflegal. Revista Práctica de Derecho 131:81-142.
Alonso Pino Ávila, La autonomía reproductiva en la jurisprudencia del Tribunal Europeo de Derechos Humanos.Mireia Márquez de Haro - 2023 - Derechos y Libertades: Revista de Filosofía del Derecho y derechos humanos 49:347-353.

Analytics

Added to PP
2024-02-04

Downloads
77 (#217,527)

6 months
77 (#64,452)

Historical graph of downloads
How can I increase my downloads?

Author's Profile

Citations of this work

No citations found.

Add more citations

References found in this work

Justice for hedgehogs.Ronald Dworkin - 2011 - Cambridge, Mass.: Belknap Press of Harvard University Press.

Add more references