Abstract
A questão feminina não é um tema visado por Arendt. O paradoxo encontrado por algumas teóricas em relação ao fato desta reconhecer-se enquanto judia, mas não enquanto mulher, faz afastar a essência do pensamento político arendtiano do movimento filosófico do feminismo, acusando Arendt de ceder à hegemonia masculina. Este prisma perde muito ao não reconhecer como sua crítica da modernidade oferece uma base sólida para pensar a mulher contemporaneamente. Sobretudo, tolhe a saída mais digna: a que reconhece o humano. O escrito, a partir da revisão bibliográfica de obras como Entre o Passado e o Futuro (ARENDT, 2016) e Feminism theory and Hannah Arendt’s concept of public space (BENHABIB, 1993a), propõe demonstrar como o sujeito arendtiano, na condição de original, capaz de ação e na imprevisibilidade, existe e age no ínterim do passado-futuro é o sustentáculo teórico dos principais quadros dessa última fase do feminismo. O ponto central é retomar a discussão sobre teorias que retiram do ser a capacidade de agir, reduzindo-os ao homogêneo, e fazer a crítica às teorias contemporâneas sobre as mulheres. A partir da pesquisa, foi possível levantar diversas pensadoras que, iluminadas pela teoria de Arendt, pensam horizontes femininos para uma nova política.