A mística como crítica nas narrativas de mulheres medievais

Revista de Cultura Teológica 86:85-107 (2015)
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Abstract

O místico afirma a presença de Deus pela experiência que o alcança a partir de um processo de negação que possibilita a ele se libertar de todas as afirmações que pretendem enquadrar a Deus. Os textos místicos vão se constituir por narrativas de processos, caminhos, itinerários onde se fala do trabalho humano de busca desse Deus absolutamente transcendente que vindo a eles num encontro surpreendente, se revela muito maior do que seu pensamento é capaz de pensar e do que sua vontade é capaz de querer. Essa dialética que é fundamentalmente crítica - vai demonstrar a grande tradição mística que se desenvolve ao longo da história do cristianismo - faz ver o limite da condição humana e a impossibilidade que ela tem de abarcar o mistério inconcebível e “indisponível” que é Deus. Chama a atenção para a importância da humildade, virtude que é percebida como garantia de nobreza. Faz perceber que sem o reconhecimento da própria miséria não se abre espaço para a penetração de Deus. Essa crítica leva a uma grande liberdade e uma disposição livre ao amor. Entre os melhores testemunhos dessa vivência mística estão as narrativas de mulheres medievais, relatos apaixonados desse processo crítico de ascese para o encontro direto com Deus.Essa comunicação é um estudo, realizado através de metodologia bibliográfica e exploratória, sobre a potencialidade crítica da mística a partir das narrativas de mulheres medievais: Marguerite Porete e Mechthild de Magdeburg. Essas mulheres fazem parte do agrupamento espiritual das Beguinas. Movimento que se desenvolveu como alternativa de vida religiosa leiga na Renânia e Países Baixos. Marguerite Porete, mística e teóloga medieval, viveu entre a segunda metade do século XIII e início do século XIV. Procedente do Condado de Hainaut, cidade Valenciennes, região do Reno. A grande herança deixada por Marguerite Porete foi um livro, Le miroir de âmes simples e anéanties. Mechthild de Magdeburg, mística alemã, da Baixa Saxonia, nascida em 1210, entra na Beguinagem de Magdeburg em 1230. Desde criança é favorecida por revelações divinas e entre os anos 1250 e 1264, a conselho de seu diretor espiritual, escreve suas revelações, a obra que chega até nós com o seguinte título: Das fliebende Licht der Gottheit.

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