Abstract
O aforismo 3.263 do Tractatus de Wittgenstein parece enunciar um paradoxo: para elucidar o significado de um nome, pode-se recorrer a uma proposição que inclua este nome; mas uma tal proposição só será compreendida se já for conhecido o significado daquele nome. Neste artigo, pretendemos cumprir duas tarefas: (1) avaliar criticamente duas interpretações daquele aforismo (as de Hacker e Ishiguro), levando em consideração os eventuais papéis cumpridos na elucidação de um nome pela ostensão e pelo conhecimento sensível (acquaintance) do objeto nomeado; e (2) propor os requisitos mínimos de uma leitura mais bem-sucedida de 3.263, dentre os quais estarão a interpretação da elucidação como uma proposição tractariana genuína e o reconhecimento de uma habilidade fundamental do destinatário da elucidação em apreender a proposição elucidativa, o fato afigurado pela proposição e a forma lógica comum entre a proposição e o fato.AbstractAphorism 3.263 of Wittgenstein’s Tractatus seems to state a paradox: to elucidate the meaning of a name, one can resort to a proposition that includes this name; but such a proposition can only be understood if the meaning of that name is already known. In this paper, we intend to fulfill two tasks: (1) critically evaluate two interpretations of that aphorism (by Hacker and Ishiguro), taking into account the possible roles played in the elucidation of a name by ostension and by acquaintance with the object named; and (2) propose the minimum requirements for a more successful reading of 3.263, among which are the interpretation of the elucidation as a genuine Tractarian proposition and the acknowledgement of a fundamental ability by the recipient of the elucidation to grasp the elucidatory proposition, the fact pictured by the proposition and the common logical form between the proposition and the fact.