Abstract
O tema deste artigo é o insucesso da produção teatral do poeta suábio Friedrich Holderlin na confecção de “A morte de Empédocles”_. _O objetivo é apontar a crescente ausência de indicações cênicas e elementos de representação entre as três versões inacabadas da obra. Para tal comentaremos diversos instantes do objeto analisado nos quais transparecem ora caracteres filosóficos, ora caracteres poéticos e também teatrais, com indicações do abandono da teatralidade e do ambiente cênico em favorecimento da poesia e de uma visão mítica da personagem principal. Nosso fundamento teórico será composto por alguns autores que consideram o desenvolvimento histórico da obra de Holderlin enquanto poeta do século XVIII. Os resultados alcançados indicam que a constante revisão da peça teatral deveu-se às mudanças de concepção sobre o sentido da tragédia como conceito, não tendo o autor conseguido transpor para o texto cênico a quintessência de sua ideia criadora. A conclusão a que chegamos indica que Holderlin não atende ao escopo da tragédia como expressão teatral no sentido aristotélico porque seu personagem principal supera a dicotomia que está na base de toda obra trágica: o conflito entre o indivíduo livre e seu tempo obscuro, sua cultura decaída, seu destino fatídico. Empédocles vira um mito.