O objetivo desse trabalho é relacionar os três princípios, ou prazeres, estéticos de um videogame, isto é, imersão, agência, transformação, com o summum bonum e as categorias fenomenológicas de Charles S. Peirce. O summum bonum pode ser entendido como uma mistura entre sentimento, ação e razão. Os sentimentos, ações e pensamentos do jogador são responsáveis pela concretização e ampliação desse horizonte estético. A imersão é um princípio estético de primeiridade. Podemos entender o ato de imergir como um prazer de primeiridade (...) – pois o jogador, metaforicamente e literalmente, vai para outro lugar, estando sem relação com o que está fora da imersão. O princípio estético da agência é regido pela secundidade. Obtém-se prazer em forçar-se contra o mundo do jogo, controlando-o mecanicamente, agindo e reagindo. Todos os jogos possuem secundidade, mas os jogos de competição, lutas, corridas, e mesmo alguns RPGs online, possuem características marcantes de força mecânica, embate, ação e reação. O terceiro e último princípio estético é a transformação. A transformação é um processo. Jogos que permitem diferentes abordagens costumam ser jogos em que há um processo de crescimento, tanto na questão do gameplay quanto da própria narrativa do jogo. O mundo do jogo e o personagem vão se transformando em algo diferente no decorrer do tempo – há uma evolução, e essa evolução é caracterizada como um fenômeno de terceiridade. Concluiu-se que, embora todos os videogames tenham esses três princípios estéticos, cada jogo individual privilegia um ou dois desses princípios. É justamente esses princípios estéticos que direcionarão a escolha do que vai ser jogado, muito mais do que a temática ou o gênero desse jogo. (shrink)

A Naturphilosophie e a Freiheitsschrift de Schelling como proveniência do princípio fundamental do sinequismo de Peirce.

No período antigo – grego e helenístico em particular – a filosofia era concebida não como uma atividade intelectual pura voltada para a busca da verdade, mas como um exercício prático de pensamento que deveria servir à vida e ter como objetivo a autotransformação. O objetivo era aprender a conduzir uma vida filosófica e a cuidar de si: principalmente de suas falas e ações. Não era tão importante poder expor uma doutrina verdadeira, mas sim colocar em prática os ensinamentos que (...) eram dados. Esta perspectiva caduca já no período medieval, mas podemos perguntar-nos se a atitude pragmatista não reanima alguns dos seus aspectos: por exemplo, a enxertia da prática na teoria, a concepção de ideias como planos de ação, a referência a efeitos de verdade, e similar. Neste artigo pretendo testar esta hipótese, especialmente com referência ao estudo que Peirce realizou sobre o processo de “autocontrole” (os antigos diriam “autogoverno”, autarkeia) como base da ética, entendida como uma ciência normativa e o fundamento da lógica. (shrink)

Donald Davidson’s anomalous monism has been repeatedly criticized since its initial defense in the paper Mental Events, which was published in 1970. Despite the widespread rejection, there seems to be no agreement on why anomalous monism fails. This paper systematizes two strong objections to anomalous monism. First, Davidson’s argument for monism requires the problematic assumption that physics can provide strict causal laws for causal relations in general. Second, Davidson’s monism requires an ontology of events for which no satisfactory criterion of (...) identity has been provided. Despite these problems, the paper argues that the theses on the anomalism and irreducibility of the mental remain acceptable, despite the difficulty of reconstructing precisely the arguments Davidson uses to defend them. (shrink)

By placing John Dewey between John Rawls and Richard Bernstein, I argue for a socialist reading of Dewey’s takes on liberal democracy that moves away both from conservative readings of Dewey of those who claim that his democratic liberalism actually belongs to right-wing or center views, and from left-wing, communitarians who dismiss such views as irrelevant for socialist and radical variants of liberal democracy. Overall, it can be shown that Rawls and Dewey’s different takes on political liberalism could be ultimately (...) reconciled, given their similar takes on democracy, pluralism, and the person. Rawls’ rehabilitation of Kant can itself be shown to be closely related to his reading of Dewey. Furthermore, as Bernstein argues, such a renewal of Dewey’s social and political philosophy in Rawls’s political constructivism and reflective equilibrium was decisive for the great pragmatist turn observed in the second, third, and fourth generations of critical theory, not only in the so-called Frankfurt School (especially Habermas, Honneth, Forst) but also in feminist and decolonial thinkers such as Nancy Fraser, Seyla Benhabib, Judith Butler, Rahel Jaeggi, and Amy Allen. Dewey’s pragmatist turn in political philosophy allows thus for a dynamic, robust correlation between radical democracy and public education, which could be implemented in emerging democracies like Brazil. (shrink)