Abstract
Pretendo, nesse artigo, assinalar que a instauração do espaço discursivo moderno, tal como foi formulado por Kant, decorre do giro copernicano em filosofia. A supressão da ontologia coloca como questão a relação entre conhecimento e experiência. Em um primeiro momento, na Crítica da razão pura, essa questão é atendida pelo recurso à ideia teológica da metafísica especial, produtora da ilusão transcendental e reabilitada pela crítica como ideia reguladora. Num segundo momento, com o juízo reflexionante estético, esse recurso à metafísica dá lugar à intersubjetividade transcendental, que reenvia ao exercício sadio da faculdade-de-julgar como garante do sentido da experiência. Forma-se, assim, o espaço discursivo aberto e plural, próprio à modernidade, o mesmo que hoje vem sendo questionado como abstrato, ideológico e excludente.