Abstract
Esta pesquisa analisa as motivações de Heidegger para colocar em questão o sentido do ser,conforme seu projeto em _Ser e Tempo_, publicado em 1927, no qual analisa a metafísica tradicional e chega à conclusão de que a história da filosofia se deteve a refletir apenas sobre os entes, esquecendo-se do ser. No §6 de _Ser e Tempo_, Heidegger assume como tarefa a destruição da história da ontologia. Por isto, tece profundas críticas à categorização do ser na _Vorhandenheit_ grega – em Platão e Aristóteles – e desarticula o racionalismo de René Descartes. Para os gregos, o ser consistia em uma essência previamente estabelecida, e caracterizava-se pela universalidade, infinitude e imutabilidade. Em Descartes, com a elaboração da _res cogitans _e _res extensa_, assujeitou-se o _Dasein_ e a dualidade entre sujeito e objeto foi fortificada. Heidegger, por seu turno, objetivou o desenvolvimento de uma filosofia que desarticulasse a metafísica proposta pela tradição (incluindo-se a corrente racionalista), e aludiu que o _Dasein_, isto é, o ente humano, pelo seu caráter ontológico, não possui essência prévia – é um ente existencial – e não é um sujeito dual – pois é um _ser-no-mundo_. Logo, não há, na natureza humana, elementos que caracterizam o ser do ente humano antes da sua existência propriamente dita, porque é apenas na existência e nos horizontes de temporalidade que o _Dasein_ se constitui e se percebe como ente aberto às possibilidades mundanas. A filosofia heideggeriana, neste sentido, pode ser relacionada com a educação, já que os diferentes saberes são construídos coletivamente, na relação ser-com (_mitsein_). Partindo da ontologia de Heidegger, a educação é uma ferramenta que possibilita o direcionamento do ser do estudante à autenticidade existencial.