Abstract
A distinção de essência e existência figurou como uma das questões fundamentais da metafísica durante a escolástica. Duns Scotus rejeita expressamente a tese de que a essência e a existência de um ente sejam distintas realmente (realiter). Para compreender essa rejeição, analisamos neste artigo a noção de coisa (res) na doutrina de Scotus, especialmente na sua crítica a Henrique de Gand acerca do estatuto ontológico dos criáveis, levando em consideração a recepção da doutrina das primeiras noções do intelecto de Avicena. Scotus e Henrique adotam escopos distintos da noção de res e concluem divergentemente acerca da questão da essência e existência no contexto da criação do mundo. Também analisamos o argumento de Scotus quanto à natureza da simplicidade encontrada na criação, e como o Doutor Sutil argumenta pela rejeição de uma composição real (realis) necessária no ente criado rejeitando também, consequentemente, a distinção real de essência e existência.